Grupos
que lutam contra a homofobia organizaram um beijo coletivo em frente à
lanchonete McDonald's, na avenida Francisco Glicério, no Centro de
Campinas em São Paulo (Foto: Eduardo Schiavoni)
Grupos
ligados à luta contra a homofobia realizaram, às 20h do sábado (02),
manifestação em frente à lanchonete McDonald’s, da avenida Francisco
Glicério, no Centro de Campinas. A manifestação, que teve a participação
de 60 pessoas, teve beijo coletivo e foi uma forma de protesto contra a
abordagem de uma funcionária da rede, que teria pedido para um casal
gay parar com demonstrações públicas de afeto. Ela teria justificado que
as atitudes dos dois estariam constrangendo outros clientes.
A discussão começou por causa de um vídeo postado no YouTube e divulgado
em redes sociais na última quinta-feira (31) por Diego Verona, 20. O
jovem relata que ele e seu namorado, Pedro Otávio Hein, 18, comiam no
local e, ao mesmo tempo, faziam a brincadeira de um colocar batata frita
na boca do outro. No vídeo, Verona relata que a funcionária, ao ver a
situação, pediu para que os dois parassem.
"Foi a situação mais humilhante de minha vida. Começamos a brincar com
batata frita, mas sem beijo ou obscenidade. No momento não havia ninguém
no local. A atendente pediu para a gente parar. A minha vontade era de
jogar tudo para cima e fazer um barraco. Foi uma falta de respeito
comigo e estou indignado", disse Verona.
Em nota, a rede McDonald´s informou que tem tentado contato com Verona
para esclarecer a situação e que repudia qualquer tipo de discriminação.
O McDonald’s informou também que preza pela diversidade e trabalha,
arduamente, para garantir que todas as pessoas se sintam bem-vindas em
suas unidades.
"A empresa está tentando contato com o senhor Diego para esclarecer a situação, já que repudia qualquer tipo de discriminação."
Repercussão
O vigilante Ester Pereira, 49, foi um dos campineiros que estiveram no
evento. Segundo ele, que integra o Grupo Identidade, que luta pelos
direitos de LGBT na região, ações como essas são importantes para
mostrar que a sociedade não tolera mais o preconceito.
"Essa ação tem um caráter pedagógico. Se fosse um casal hétero, isso
jamais teria acontecido. Lamento muito o que ocorreu, mas, com ações
como essa, comerciantes vão se educando e a coisa melhora!, disse.
O cabeleireiro Herbert Monteiro, 37, foi outro a apoiar o evento. "O
povo GLBTT [Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais] tem que
dar as caras. Nossa sociedade é hipócrita. Toda vez que ocorrer uma
ação desse tipo, vamos protestar", afirmou.
Já a dona-de-casa Rosalva Costa, 40, que estava na lanchonete no momento do beijaço, discordou da forma de protesto.
"Sou contra o preconceito, mas, em uma lanchonete como essa, há muitas
crianças pequenas. Um beijo na boca, gay ou não, não sera positivo para
elas", disse.
Sobre a manifestação, o McDonald's diz que elas são livres e que a
servidora que teria repreendido o casal estava de folga. "Mas nos disse
que só pediu ao casal para interromper a situação porque uma das
consumidoras viu a cena, ficou incomodada e pediu para que ela agisse",
disse.
Segundo o militante e presidente do Conselho de Direitos Humanos de
Campinas, Paulo Mariante, a manifestação foi homofóbica. "Sem dúvida, se
trata de um ato homofóbico. A demonstração de afeto é permitida em
qualquer ambiente. Os garotos não estavam se beijando ou fazendo algo
obsceno", afirmou.
Do Gay1 SP