quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Parlamentares aprovam projeto contra discriminação


Parlamentares aprovam projeto contra discriminação (Foto: Ascom Alepa)
(Foto: Ascom Alepa)

Os deputados estaduais aprovaram projeto que proibi a discriminação contra orientação sexual, raça, cor, idade e religião, no Estado do Pará. A proposta que regulamenta este entendimento legislativo - de autoria da deputada Bernadete Ten Caten (PT) - foi aprovado por unanimidade pelos 30 deputados presentes na sessão ordinária, desta quarta-feira (31).

Entretanto, para de fato se transformado em lei, o projeto aprovado tem de ser sancionado pelo Executivo, pelo governador Simão Jatene, para onde o projeto será agora remetido pela Alepa.

O projeto original remetia-se a discriminação sobre a orientação sexual, entretanto recebeu uma emenda modificativa apresentada pelo deputado Martinho Carmona (PMDB), ampliando o conceito de discriminação para raça, cor, idade, religião e outras formas de discriminação.

Para a deputada Ten Caten, a aprovação do projeto contra a discriminação é uma vitória da sociedade paraense. “Hoje é um dia histórico para quem luta pelo respeito e o combate à discriminação e à violência”, manifestou-se de forma emocionada. “O Pará está dando uma grande mostra ao Brasil de um compromisso com a criminalização contra qualquer forma de discriminação”, disse a parlamentar. Ela considerou como preponderante para aprovação do projeto a apresentação da    emenda substitutiva do deputado Carmona.
                         
No Congresso Nacional tramita projeto de lei de igual teor. O PL 120 existe há vários anos mas não consegue ser votado. “Estamos na frente dos deputados federais e senadores que ainda não conseguiram colocar em pauta e nem votar, aprovando a criminalização, não só contra a orientação sexual”, avaliou.

Para o deputado Martinho Carmona, pastor da Igreja Quadrangular, a preocupação tem que ser contra qualquer tipo de discriminação. “Nós, sobretudo os evangélicos, temos sido muitos discriminados... Mas não só nós, os deficientes físicos, os negros, as pessoas idosas, os homossexuais, e foi por isso que ampliamos a área de atuação desta proteção”, explicou Carmona.

“Combater a discriminação é proteger a liberdade, como disse Deus, que nos deu o livre arbítrio. Então a pessoa tem o direito de ser o que quer e crer em quem quiser, e ter uma postura que seja respeitada pelos outros”, disse.

Para Márcia Passos do Movimento de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do Pará – LESBIPARÁ, a aprovação não é uma vitória apenas do movimento LGBTs, mas de  toda a população do Pará, na luta contra a violência e a discriminação. “Hoje em dia, a gente pode dizer que o combate à homofobia não está só no papel, sim na lei. Agora, esperamos que o governador sancione essa lei o mais rápido possível”, espera Passos.

Durante a discussão do projeto, manifestaram ainda seus argumentos favoráveis ao projeto com a emenda apresentada, os deputados: Edilson Moura (PT), Edmilson Rodrigues (PSOL) e Carlos Bordalo (PT), além dos pastores Raimundo Santos (PR) e Divino (PRB). (DOL com informações da  Alepa)     

MG: Homem mata gay, assa seu fígado e dá para o cachorro

A pequena cidade de Alfenas, MG, está chocada com um crime descoberto na semana passada que cada vez mais ganha requintes de crueldade. Gilvan Firmino Pereira (por coincidência o mesmo nome do gay morto na novela Insensato Coração) foi assassinado dentro de casa e teve o crânio esmagado depois de receber diversas facadas. Seu pênis foi encontrado dentro de sua boca e o assassino tentou ainda comer o seu fígado, que foi assado em um grill elétrico.

Gilvan, 25 anos, cabeleireiro, era natural do Pernambuco e foi morto na madrugada da quinta-feira por Fernando Henrique Alves, 20, garcom desempregado, que confessou o assassinato. Gilvan abrigava Fernando em sua casa e segundo o assassino consumiam crack juntos. O assassino afirmou que cometeu o crime pois Gilvan teria dado em cima dele e disse que faria novamente.

O assassino teria jogado ainda partes do corpo da vítima para seu cachorro comer. Ele usou seis facas e uma gilete para retalhar o corpo de Gilvan, que teve ainda seu nariz decepado. Um extintor de incêndio teria sido usado ainda para desfigurar a vítima. O rapaz teria sido morto do lado de fora de casa e gritado em socorro dos vizinhos que não responderam o chamado por acreditar ser um barulho normal, já que Gilvan costumava fazer barulho à noite. O assassino levou o corpo de cabeleireiro para dentro de casa, onde realizou o ritual macabro que durou algumas horas. Ele teria ainda tentado limpar o local e saiu para comprar pão. Uma vizinha que viu o sangue escorrendo da garagem chamou a polícia que prendeu o homem em flagrante.

Na semana passada, um homem de 21 anos foi preso ao praticar canibalismo com o cadáver de outro, de 32 anos. Eles teriam se conhecido em um site de relacionamentos. O crime aconteceu no noroeste da Rússia, na região de Múrmansk, no dia 19 de agosto. O rapaz teria consumido partes da vítima durante todo o final de semana.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Assassinato duplo em São Paulo

Modelo assassinado em São Paulo
Na última terça-feira, 24 de agosto, o modelo mineiro Murilo Rezende da Silva, de 21 anos, Mister Piauí 2011 e sexto colocado no concurso Mister Brasil, foi encontrado morto no apartamento onde morava com o analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52 anos, na Rua Oscar Freire, em Pinheiros, em São Paulo,que  também foi assassinado na ocasião.

Segundo os vizinhos, Bozola era homossexual e os dois eram amigos e moravam juntos no local há quase quatro meses. O rapaz estava na capital paulista para trabalhar de modelo e já havia conseguido diversas campanhas e até a capa da Revista Junior, voltada ao público gay, que estrelou na edição do último Carnaval.

“É com tristeza que informamos que Murilo Rezende, Mister Piauí 2011 e finalista do Mister Brasil, foi assassinado. Murilo, sexto colocado no concurso, sempre demonstrou ser uma pessoa de caráter irretocável, admirado por todos”, informou a organização do concurso Mister Brasil no Twitter. Eugênio Bozola é irmão do diretor-presidente da Prodesp (Companhia de Processamento de dados de São Paulo) Célio Bozola.

O corpo de Bozola foi encontrado pela diarista logo após ela abrir a porta do apartamento, de manhã. Ela chamou o porteiro do prédio que em seguida chamou a polícia. O corpo do modelo foi encontrado em um quarto, com um saco cobrindo sua cabeça. Não há sinais de arrombamento mas o apartamento apresenta sinais de luta corporal e há muito sangue nas paredes. Tanto o modelo quanto o analista foram mortos por facadas. O carro de Bozola, um Honda Civic, foi levado possivelmente pelo criminoso. O condomínio não possui câmeras de vigilância e até o momento nenhuma testemunha se apresentou. Segundo a namorada do modelo, no dia do crime ele contou que haveria uma terceira pessoa morando no local e que ela sairia de lá naquele dia.

Da redação com informações do site A CAPA.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Parada Gay movimenta mais de 1 milhão na economia





Pesquisa inédita aponta também índice grande de violência 
contra homossexuais na Região das Vertentes

Parada em 2010 mobiliza 07 mil pessoas
O Movimento Gay da Região das Vertentes (MGRV) realizou na concentração da Parada da Cidadania e do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) da Região das Vertentes no ano de 2010 uma pesquisa inédita sobre o perfil dos participantes da manifestação. A pesquisa é apoiada pelo Ministério da Saúde, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).  O resultado foi divulgado hoje pela professora Daniela Ramirez, doutora em estatística e docente na UFSJ. O resultado aponta informações preocupantes sobre a população LGBT da região.

A pesquisa tem o foco no levantamento de dados sobre o perfil socioeconômico dos participantes, impacto econômico da parada e questões gerais sobre saúde, DST/HIV/AIDS, bem como temas da atualidade sobre direitos LGBT, violência e política.


PARADA GAY MOVIMENTA MAIS DE 1 MILHÃO

Os dados pesquisados sobre o impacto econômico da parada gay são reveladores. De acordo com os dados coletados a parada LGBT injeta na economia da cidade de São João del-Rei mais de R$1 milhão de reais. Dos entrevistados pela pesquisa 81% gastam até R$200,00 no evento, 14% gastam entre R$200,00 e R$400,00 e 5% gastam mais de R$400,00.  Das pessoas entrevistadas que não residem em São João del-Rei, 61% permanecem apenas o dia da parada na cidade e moram em municípios da Região. Turistas de outras regiões de Minas Gerais e de outros estados do Brasil permanecem cerca de três dias ou mais na cidade e representam 39% dos participantes.

Os setores da economia que mais se beneficiam com a Parada LGBT em São João del-Rei são restaurantes(37% dos participantes utilizam os serviços), comércio local(24% realizam compras no comércio em geral), rede hoteleira(18% se hospedam em hotéis), transporte coletivo(9% utilizam ônibus coletivo), postos de combustíveis, táxis e mototáxis (6% utilizam estes serviços).

VIOLÊNCIA E DISCRIMINAÇÃO

Questionados se já sofreram discriminação devido ao fato de serem lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais a pesquisa constatou que 42% já sofreram agressão física, verbal ou ameaça de agressão, chantagem e extorsão.

 Sofreram discriminação ou foi marginalizada por professores e colegas de escola/faculdade (18%), a mesma porcentagem aponta que os LGBT são mais discriminados também por grupos de amigos e vizinhos (18%). Os dados apontam um grau de discriminação dentro da família (15%) e nos ambientes religiosos (10%). Cerca de 9% declaram sofrer discriminação no atendimento em serviços de saúde e 4% declaram já terem sido discriminados/maltratados por policiais ou mal atendidos em delegacias.

Questionados sobre agressão física e verbal 45% dos entrevistados afirmam já terem sido discriminados em ambientes públicos como ruas, shopping e praças. Em seguida as agressões acontecem em casa (16%), nas escolas ou faculdades (15%) e no trabalho (8%).
A maior parte dos entrevistados não denuncia a agressão sofrida. O índice desse dado é alarmante e chega a 59% dos entrevistados que não denunciam a homofobia. Os que contam a agressão sofrida para amigos chegam a 12%, os que contam a agressão para a família chega a 9% e apenas 8% denunciam na polícia ou pelos 190. Apenas 1% dos entrevistados afirma ter denunciado a agressão na imprensa e entidades de defesa dos direitos dos homossexuais. Nenhum entrevistado afirmou ter denunciado a agressão ao Ministério Público.

SAÚDE

A pesquisa quis ouvir também sobre o teste de HIV em São João del-Rei e na Região das Vertentes. Questionados se já fizeram o teste 16% afirmam fazer periodicamente, 26% fizeram uma vez, 14% fizeram mais de uma vez. Um dado alarmante foi constatado apontando que 33% nunca fizeram e não tem vontade de fazer o teste. Dos que tem vontade de fazer o teste, mas não sabem onde fazer chega a 11% dos entrevistados. Com recorte da orientação sexual o grupo das transexuais são as que mais se preocupam em realizar o teste, já os bissexuais são os que menos se interessam sobre a testagem.

Questionados sobre o uso da camisinha 53% afirmam que sempre usam, 14% usam na maior parte das vezes, 7% usam às vezes, 3% usam raramente e 23% nunca usaram a camisinha em suas relações sexuais.

DIREITOS E POLÍTICA

Carlos Bem comanda a Parada LGBT em São João del-Rei
A pesquisa procurou saber o que motiva as pessoas a participarem da parada LGBT. Dos entrevistados 29% participam para que homossexuais tenham mais direitos, 29% participam por curiosidade, 12% participam para paquerar, 11% por solidariedade aos amigos e parentes homossexuais e 19% por outros motivos.

Dos participantes da parada 59% já participaram de outras manifestações e 41% participaram pela primeira vez.

Um dado levantado que aponta avanço é quando questionados sobre o projeto de lei que garante a união civil entre pessoas do mesmo sexo. A pesquisa foi realizada muito antes da recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, 87% disseram ser favoráveis, 9% não conhecem o projeto e não quiseram opinar e apenas 4% afirmaram ser contra a igualdade de direitos civis para casais do mesmo sexo. Sobre a adoção de crianças por casais do mesmo sexo 83% são favoráveis, 11% são contra e 6% não quiseram opinar.

No campo da política a pesquisa verificou como anda o pensamento dos participantes da parada gay sobre candidaturas de pessoas assumidamente LGBT. Dos entrevistados 86% afirmam que votariam em algum militante que organiza parada LGBT para um cargo político e 14% disseram que não votariam.

Para o coordenador da parada LGBT da Região das Vertentes, Carlos Bem, a pesquisa aponta como é a situação de exclusão, violência e discriminação contra os homossexuais na cidade e região. “É uma violência silenciosa onde as vítimas têm medo de denunciar, de serem discriminados por quem deveria protegê-los. No campo da saúde ainda engatinhamos nas ações de promoção e respeito aos direitos humanos. A AIDS ainda é nosso principal problema de saúde pública” afirma Bem.

Sobre o impacto econômico da parada o militante acredita que é preciso um trabalho de sensibilização da prefeitura para o reconhecimento desse potencial turístico. “Todos os anos a secretaria de turismo e cultura nega apoio à estrutura da parada. Os homossexuais injetam mais de 1milhão nos cofres da prefeitura, mas a prefeitura nega uma estrutura melhor para realizar a parada. Não digo que seja homofobia diretamente, mas há um descaso total com o que injetamos de dinheiro que se converte em arrecadação, impostos e enche o cofre da prefeitura” comenta Carlos Bem.

A pesquisa foi realizada no dia 19 de setembro de 2010 na concentração da Parada da Cidadania e do Orgulho LGBT realizada em São João del-Rei. Foram ouvidas 610 pessoas dos cerca de 7mil participantes da parada. Os dados foram sistematizados pela professora da UFSJ Daniela Ramirez, doutora em estatística, com o apoio de dois bolsistas da UFSJ. O resultado da pesquisa será apresentado no Encontro Mineiro de Estatística a ser realizado no mês de setembro. A pesquisa contou com apoio do Ministério da Saúde, Escritório das nações Unidas sobre drogas e crime e da Universidade Federal de São João del-Rei.

A pesquisa e os dados oficiais serão apresentados na IV Semana da Diversidade Sexual da Região das Vertentes que acontece no mês de novembro na cidade de São João del-Rei.

Fonte: Secretaria MGRV

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Memória não retém atrocidades do comunismo

23 de agosto é o Dia da Memória das vítimas de todos os regimes autoritários e totalitários,  estabelecido porque, nesta data, em 23/08/1939, Hitler e Stálin, firmaram o pacto nazi-comunista de divisão da Europa. Mais infos: http://bit.ly/mS3ag3

Entretanto, apesar dos laços familiares que unem os dois monstros sanguinários do século passado, nazismo e comunismo, apenas o nazismo foi definido como o Mal encarnado, mas não seu irmão comunista. Tal fato tem possibilitado não só a falta de punição para os criminosos vermelhos como também a permanência de suas ideias, entre nós, como algo aceitável.

Como uma homenagem às vítimas do terror comunista, mais de 100 milhões de pessoas (as cifras vêm aumentado com novas descobertas de arquivos), transcrevo abaixo texto do cientista político francês, Alain Besançon, que explica os porquês dessa diferença de tratamento entre os dois gêmeos malignos. É longo, mas vale a pena a leitura.


Memória não retém atrocidades do comunismo

Apesar de comunismo e nazismo serem `gêmeos heterozigotos', a memória histórica só registra os horrores nazistas, enquanto os comunistas caem no esquecimento

ALAIN BESANÇON[i]
Especial[ii]

Existe um acordo bastante geral entre os historiadores sobre o grau de conaturalidade entre o comunismo do tipo bolchevique e o nacional-socialismo. Acho feliz a expressão de Pierre Chaunu: gêmeos heterozigotos. Essas duas ideologias assumiram o poder no século 20[1].
Elas têm por objetivo chegar a uma sociedade perfeita, extirpando o princípio mau que se opõe a isso. Em um caso o princípio maligno é a propriedade e, conseqüentemente, os proprietários, e depois, como o mal subsiste após a "liquidação enquanto classe" destes, a totalidade dos homens, corrompidos pelo espírito do "capitalismo", que acaba de se insinuar dentro do próprio partido comunista. No outro caso, o princípio maligno está localizado nas raças ditas inferiores, em primeiro lugar os judeus, e depois, uma vez que o mal continua a subsistir após seu extermínio, é preciso persegui-lo em outras raças, incluindo a própria "raça ariana", cuja "pureza" está poluída. Comunismo e nazismo invocam para sua legitimidade a autoridade da ciência. Propõem-se a reeducar a humanidade e criar um homem novo.


Essas duas ideologias dizem-se filantrópicas. O nacional-socialismo quer o bem do povo alemão e declara prestar serviço à humanidade, exterminando os judeus. O comunismo leninista quer diretamente o bem da humanidade inteira.
É o universalismo do comunismo que lhe confere uma vantagem imensa sobre o nazismo, cujo programa não é exportável. As duas doutrinas propõem ideais elevados, próprios para suscitar devoção entusiasta e atos heróicos. Elas ditam, entretanto, também o direito e o dever de matar. Para citar Chateaubriand e suas palavras aqui proféticas: "No fundo desses diversos sistemas repousa um remédio heróico confesso ou subentendido: este remédio é matar[2]." E Victor Hugo: "Você pode matar este homem com tranqüilidade."


Ou categorias inteiras de homens. Foi o que essas doutrinas fizeram quando acederam ao poder, a uma velocidade desconhecida na história. É por isso que, aos olhos daqueles que são estranhos ao sistema, nazismo e comunismo são criminosos. Igualmente criminosos? Por ter estudado a ambos e conhecendo os recordes de intensidade no crime do nazismo (a câmara de gás) e em extensão do comunismo (mais de 70 milhões de mortes), o gênero de perversão das almas e dos espíritos operada pelos dois, creio que não devemos entrar nessa discussão perigosa. E que é preciso responder simplesmente e com firmeza: sim, igualmente criminosos.
UMA PERGUNTA
O que indagamos é o seguinte: como é possível nos dias de hoje que a memória histórica os trate com desigualdade e a ponto de parecer esquecer o comunismo? A respeito desta desigualdade não precisamos nos estender. Desde 1989, a oposição polonesa, liderada pelo primaz da Igreja Católica, recomendava o esquecimento e o perdão.


Na maioria dos países que saíram do comunismo nunca se falou em castigar os responsáveis que haviam matado, privado da liberdade, arruinado, embrutecido seus súditos durante duas ou três gerações. Salvo na Alemanha Oriental e na República Checa, os comunistas foram autorizados a continuar seu jogo político, o que lhes permitiu retomar o poder aqui e ali. Na Rússia e em outras repúblicas, os membros do corpo diplomático e da polícia foram mantidos. No Ocidente, essa anistia de fato foi julgada favoravelmente.
Comparou-se a confirmação da nomenklatura à evolução dos antigos jacobinos.
Há algum tempo, a mídia voltou a falar naturalmente da "epopéia do comunismo". [3] O passado kominterniano do Partido Comunista, devidamente exposto e documentado, não o impede de ser aceito pela democracia francesa.
Em comparação, a damnatio memoriae (supressão da memória do condenado à morte por crime infamante) do nazismo, longe de conhecer a menor prescrição, parece agravar-se todos os dias. A vasta biblioteca aumenta a cada ano.
Museus, exposições alimentam - e com razão - o horror do crime.[4]
Consultemos, na Minitel, o serviço de documentação de um grande vespertino. [5] Selecionemos a partir de palavras-chave os "assuntos", que foram processados de 1990 a 14 de junho de 1997, dia de minha consulta. Para "nazismo", havia 480 ocorrências. Para "stalinismo", 7. Para "Auschwitz", 105. Para "Kolyma", 2, para "Magadan", 1, para "Koroupaty", 0. Para "fome na Ucrânia" (5 a 6 milhões de mortos, em 1933), 0. Essa pesquisa só tem um valor indicativo.
Alfred Grosser, a respeito de seu livro La Mémoire et L'Oubli (A Memória e o Esquecimento), declarava em 1989: "O que peço é que quando pesamos a responsabilidade dos crimes passados, apliquemos os mesmos critérios a todos."[6]  É verdade, mas é muito difícil e é como simples historiador e não como juiz que eu queria hoje apenas sine ira ac studio (sem ira nem parcialidade), tentar interpretar os fatos. Não posso sonhar em esgotar o assunto. Mas posso pelo menos enumerar uma lista não limitativa de fatores.
SETE EXPLICAÇÕES
1 - O nazismo é mais bem conhecido que o comunismo porque o armário de cadáveres foi aberto pelas tropas aliadas e porque vários povos europeus ocidentais tiveram com ele uma experiência direta. Perguntei com freqüência a platéias de estudantes se tinham tomado conhecimento da fome artificial organizada na Ucrânia em 1933. Eles nunca haviam ouvido falar nisso. O crime nazista foi principalmente físico. Não contaminou moralmente suas vítimas e suas testemunhas, das quais não se exigia uma adesão ao nazismo. Ele é portanto demarcável, flagrante. A câmara de gás concebida para exterminar artificialmente uma porção delimitada da humanidade é um fato único. O Gulag, o Laogai continuam envoltos em mistério e permanecem como objeto distante, indiretamente conhecido. Uma exceção: o Camboja, cujas pilhas de mortos descobrimos na atualidade[7].
2 - O povo judeu assumiu a memória da Shoah. É para ele uma obrigação moral que se inscrevia na longa memória de perseguições: uma obrigação religiosa ligada ao louvor ou à interrogação apaixonada, à maneira de Jó, do Senhor que prometeu proteger seu povo e pune a injustiça e o crime. A humanidade inteira deve, portanto, agradecer à memória judia por ter conservado piedosamente os arquivos da Shoah[8]. O enigma existe para os povos que esqueceram - e falarei disso no momento certo. Acrescentemos o fato de que o mundo cristão procede desde esse acontecimento a um exame de consciência e sente-se intimamente atingido por uma ferida indelével.[9]
3 - A inclusão do nazismo e do comunismo no campo magnético polarizado pelas noções de direita e de esquerda. O fenômeno é complexo. De um lado, a idéia de esquerda acompanha a entrada sucessiva das classes sociais no jogo político democrático. Mas é preciso observar que a promoção da classe operária americana excluiu a idéia socialista, e a classe operária inglesa, alemã, escandinava, espanhola, ao mesmo tempo que aumentava seu poder, opôs uma recusa majoritária à idéia comunista. Foi apenas na França e na Checoslováquia, imediatamente antes da guerra, e mais tarde na Itália, que o comunismo pode pretender se identificar com o movimento operário e tornar-se, assim, um dos membros de direito da esquerda. Acrescentemos que na França, como lembrou François Furet, historiadores como Mathiez, admiradores da Grande Revolução, fizeram imediatamente um paralelo entre Outubro de 1917 e 1792, comparando o terror bolchevique com o terror jacobino.
Por outro lado, muitos historiadores de antes da guerra tinham uma consciência viva das raízes socialistas ou proletárias do fascismo italiano e do nazismo alemão. Invoco o testemunho de Elie Halévy em seu livro clássico, História do Socialismo Europeu, publicado em 1937. O capítulo III da quinta parte é dedicado ao socialismo na Itália fascista. O capítulo IV, ao nacional-socialismo. Este último regime, ao dizer-se anticapitalista, despojando ou eliminando as antigas elites; ao conferir a si próprio uma forma revolucionária, tinha algum motivo para constar em uma história do socialismo, o que hoje seria inconcebível.
4 - A guerra, ao amarrar uma aliança militar entre as democracias e a União Soviética, enfraqueceu as defesas imunológicas ocidentais contra a idéia de comunismo, apesar de serem muito fortes no momento do pacto Hitler-Stalin, e provocou uma espécie de bloqueio intelectual. Para empreender uma guerra com o coração, uma democracia precisa que seu aliado tenha um certo grau de respeitabilidade; se necessário, ela lhe empresta. O heroísmo militar soviético assumia, encorajado por Stalin, uma forma puramente patriótica e a ideologia comunista, mantida na reserva, ficava escondida. Ao contrário da Europa Oriental, a Europa Ocidental não havia tido a experiência direta da chegada do Exército Vermelho. Esta foi, portanto, vista como libertadora, da mesma forma que os outros exércitos aliados, o que não correspondia à visão dos bálticos, nem dos poloneses. Os soviéticos foram juízes em Nuremberg.[10] As democracias concordaram com sacrifícios muito pesados para abater o regime nazista. Só aceitaram depois sacrifícios mais leves para conter o regime soviético e, por fim, para ajudá-lo a manter-se, movidas pelo afã da estabilidade. O nazismo desabou por si mesmo, e sobre seu próprio vazio, sem que as democracias tivessem muito a ver com isso. Sua atitude não podia ser a mesma, nem seu julgamento igual nem sua memória imparcial.
5 - Um dos grandes sucessos do regime soviético é ter difundido e imposto pouco a pouco sua própria classificação ideológica dos regimes políticos modernos. Lenin os reduzia à oposição entre socialismo e o capitalismo. Até os anos 30, Stalin conservou essa dicotomia. O capitalismo, também chamado de imperialismo, englobava os regimes liberais, os regimes social-democratas, os regimes fascistas e, finalmente, o nacional-socialismo. Isso permitia aos comunistas alemães equilibrar a balança entre os "social-fascistas" e os nazistas. Mas, ao decidir a política dita das frentes populares, a classificação passou a ser a seguinte: o socialismo (ou seja, o regime soviético), as democracias burguesas (liberais e social-democratas) e finalmente o fascismo. Sob o nome de fascismo estavam agrupados o nazismo, o fascismo de Mussolini, os diversos regimes autoritários que dominavam na Espanha, em Portugal, na Áustria, na Hungria, na Polônia, etc. e, finalmente, as extremas direitas dos regimes liberais. Uma cadeia contínua ligava, por exemplo, Chiappe a Hitler, passando por Franco, Mussolini, etc. A especificidade do regime nazista foi apagada. Além disso, ele estava fixado à direita, sobre a qual projetava sua luz negra. Tornou-se a direita absoluta, enquanto o sovietismo era a esquerda absoluta.
O fato espantoso é que, num país como a França, essa classificação tenha se incrustado na consciência histórica. Consideremos os manuais franceses de história, destinados ao ensino secundário e superior. A classificação é geralmente a seguinte: o regime soviético; as democracias liberais, com sua esquerda e sua direita; os fascismos, ou seja o nazismo, o fascismo italiano, o franquismo espanhol, etc.
É uma versão atenuada da vulgata soviética. Em compensação, não encontramos com freqüência nesses manuais a classificação correta, sobre a qual os historiadores atuais estão de acordo, mas que havia sido proposta desde 1951 por Hannah Arendt, ou seja: o conjunto dos dois únicos regimes totalitários, comunismo e nazismo, os regimes liberais, os regimes autoritários (Itália, Espanha, Hungria, América Latina) que dizem respeito às categorias clássicas da ditadura e da tirania descritas desde Aristóteles.[11]

O mal sempre esteve centrado nos nazistas
A memória do comunismo permanece confusa, mas a das atrocidades na Alemanha é recorrente  
6 - A fraqueza dos grupos capazes de conservar a memória do comunismo.
O nazismo durou 12 anos. O comunismo europeu, dependendo dos países, entre 50 e 70 anos. A duração tem um efeito auto-anistiante. Durante esse tempo imenso, a sociedade civil foi atomizada, as elites foram sucessivamente destruídas, substituídas, reeducadas. Todo mundo, ou quase, de cima para baixo, adulterou, traiu, degradou-se moralmente. E, mais grave ainda, a maior parte daqueles que teriam condições de pensar foi impedida de conhecer sua história e perdeu a capacidade de análise. Ao ler a literatura russa de oposição, que é a única literatura verdadeira do país, ouvimos uma queixa pungente, a expressão comovente de um desespero infinito, mas quase nunca encontramos uma análise racional.[12] A consciência do comunismo é dolorosa, mas permanece confusa.
Hoje, os jovens historiadores russos interessam-se pouco por esse período condenado ao esquecimento e ao repúdio. O Estado, aliás, esconde os arquivos. O único setor que poderia ter conservado a memória lúcida do comunismo é o da dissidência, nascida por volta de 1970. Mas ela se decompôs rapidamente em 1991 e não foi capaz de participar do novo poder. Foi por essa razão que sua tentativa de criar um memorial não deitou raízes nem pôde desenvolver-se.
É de fato necessário que o órgão que tem por função conservar a memória atinja uma certa massa crítica, pelo número, o poder, a influência. Os armênios não atingiram de forma alguma uma certa massa crítica.[13] E menos ainda os ucranianos, os casaques, os chechenos, os tibetanos, sem falar de tantos outros.
CONSCIÊNCIA MORAL
Nada é tão problemático, após a dissolução de um regime totalitário, quanto a reconstituição da consciência moral e da capacidade intelectual normais de um povo. A esse respeito a Alemanha pós-nazista encontrava-se em melhor posição que a Rússia pós-soviética. A sociedade civil não teve tempo de ser destruída em profundidade. Julgada, punida, desnazificada pelos Exércitos ocidentais, ela foi capaz de acompanhar esse movimento de purificação, julgar-se a si mesma, lembrar-se e arrepender-se.
Não foi assim na Europa Oriental, e o Ocidente tem sua parte de responsabilidade nisso. Quando os comunistas russos transformaram sua posse geral dos bens em propriedade legítima, quando legitimaram seu poder de fato pelo sufrágio universal, quando substituíram o leninismo pelo nacionalismo mais chauvinista, o Ocidente julgou inoportuno pedir-lhes explicações. Foi o pior que poderiam ter feito pela Rússia. A ubiqüidade das estátuas de Lenin nas praças públicas da Rússia é apenas o sinal visível de um envenenamento das almas cuja cura levará anos.

ACIDENTE METEOROLÓGICO
Do lado ocidental, a vulgata histórica deixada pelo Komintern das frentes populares está longe de ser apagada. O fato de a idéia leninista ter sido envolvida pela idéia de esquerda, que teria todavia horrorizado Kautski, Bernstein, Léon Blum, Bertrand Russell e mesmo Rosa Luxemburgo, faz com que hoje essa idéia seja equiparada a um avatar infeliz, ou a uma espécie de acidente meteorológico dessa mesma esquerda, e agora que ela desapareceu, permanece como um projeto respeitável que não deu certo.
7 - A amnésia do comunismo leva à hipermnésia do nazismo e, reciprocamente, quando a memória simples e justa basta para condenar um e outro. É um traço da má consciência ocidental, há séculos, que o centro do mal absoluto deve encontrar-se em seu seio. A opinião mudou sobre essa localização. O mal se localizou umas vezes na África do Sul do apartheid, na América da Guerra do Vietnã. Mas sempre esteve centralizado na Alemanha nazista. [14] 
A Rússia, a Coréia, a China e Cuba eram sentidas como externas, ou empurradas para fora na medida em que se preferia desviar os olhos. O vago remorso que acompanhava esse abandono era compensado por uma vigilância, uma concentração ferrenha da atenção sobre tudo que tinha entrado em contato com o nazismo, sobre Vichy em primeiro lugar ou sobre essas idéias perversas que supuram em alguns núcleos das extremas direitas européias.
O PERIGO DAS FALSIFICAÇÕES
Um dos traços do século 20 é não apenas - além de sua história ter sido horrível, no que diz respeito ao massacre do homem pelo homem - que a consciência histórica, o segundo explica o primeiro, teve uma dificuldade particular em orientar-se corretamente.
George Orwell observou que muitos se haviam tornado nazistas por um horror motivado do bolchevismo, e comunistas por um horror motivado do nazismo.
Isto mostra o perigo das falsificações históricas. Presenciamos uma que se está formando e seria pena se legássemos ao próximo século uma história deturpada.
O inverossímil, o impensável - Para concluir, uma esperança. Foram necessários anos para se tomar uma consciência completa do nazismo porque ele superava tudo o que acreditávamos ser possível e a imaginação humana foi impotente para compreendê-lo. Isso poderia também acontecer com o comunismo, cujas obras abriram um abismo igualmente profundo, e foram protegidas, como Auschwitz o foi até o ano de 1945, pelo inverossímil, pelo incrível, pelo impensável. O tempo, cuja função é desvendar a verdade, desempenhará talvez, mais uma vez, seu papel. (A.B.)





[1] Ambas têm suas raízes na filosofia romântica alemã, embora não pertençam à mesma família. Os grandes filósofos românticos não têm evidentemente nenhuma responsabilidade sobre estes rebentos bastardos e monstruosos.
Gêmeos eles são certamente, entre seu nascimento existe uma distância de aproximadamente 15 anos - da ascensão de um e de outro ao poder. Isto faz com que o nazismo seja analisável em parte (só em parte, pois ele não se reduz a isso) a uma reação ao bolchevismo. Imitou-o em várias de suas instituições: polícia política, campos de concentração, propaganda.
Inversamente, algumas vezes Stalin seguiu a escola de Hitler. Assim, foi "A Noite dos Longos Punhais" que lhe sugeriu o grande expurgo que começou em dezembro de 1934. Generosamente, ele multiplicou o número de vítimas por mil.

[2] E Chateaubriand acrescenta: "Massacrem impiedosamente tudo que impede o gênero humano de avançar. A cura de todos os males, diz o homem, é a morte. Mas a morte deixa viver o mal e só mata o perverso; o céu havia dito: É a paciência. A paciência mata o mal e deixa morrer o perverso" (Memórias de Além Túmulo. IV, XII, 7).
[3] Os voluntários das Brigadas Internacionais receberam na França o status de antigos combatentes. Alguns deles, depois de ter combatido na Espanha, permaneceram em casa durante todo o tempo em que os alemães ocuparam seus países.
[4] O menor contato intelectual com o nazismo, mesmo em uma época em que sua criminalidade não era ainda conhecida ou estava apenas em gestação, basta para desonrar artistas e escritores célebres, como Cioran. No mesmo ano em que as atividades de Cioram antes da guerra eram reveladas, as obras de Aragon eram publicadas na Pléiade, em meio a um concerto unânime de louvores, sem que se fizesse referência, a não ser para desculpá-lo, a sua longa performance stalinista.
[5] Código: 3617 LMDOC.
[6] Le Figaro, 16 de novembro de 1989.
[7] Nunca ouvi dizer que os jornalistas que aprovaram a "libertação de Phnom Penh" e elogiaram Pol Pot, torturados pelo remorso, tenham entrado para o convento.
[8] O célebre filme sobre a Shoah, disse-me Henri Amoureux, nunca foi projetado na União Soviética, nem mais tarde na Rússia. No tempo do sovietismo era proibido fazer menção aos judeus em particular, uma vez que de acordo com a classificação geral dos regimes, só existem "vítimas do fascismo". Hoje, existe talvez a preocupação de não suscitar entre os espectadores a lembrança de fatos semelhantes de que foram testemunhas.
[9] Não é o caso dos muçulmanos, que não se sentem tão atingidos.
[10] Sabemos que o procurador soviético quis a condenação dos dirigentes nazistas pelo crime de Katyn. Os juízes americanos, ingleses e franceses conseguiram que esta questão, sobre a qual já tinham aliás uma opinião formada, não fosse levantada. Foi preciso esperar a queda do comunismo na Rússia para que a responsabilidade do governo soviético fosse oficialmente reconhecida. Nenhum dos que cometeram o crime foi processado.

[11] Temos de notar aqui duas outras versões. A primeira, que foi em um determinado momento preferida por De Gaulle, tendia a afastar o fato ideológico. Permanecia, portanto, o fato nacional e a tradição histórica, a Rússia, a Alemanha, o acordo das nações, a simetria dos dois impérios - o russo e o americano. Esta interpretação possuía um certo valor prático, mas deixava de lado muitos fatos e expunha a alguns perigos. A segunda teve, após o Concílio Vaticano II, um certo sucesso no mundo cristão. Ela aceitava mais ou menos conscientemente a versão soviética, na medida em que admitia o fato de que o mundo estivesse dividido entre uma sociedade socialista e uma sociedade capitalista. Ora, não existe sociedade socialista, só existem regimes de tipo soviético, e, por outro lado, o mundo ocidental não se deixa reduzir ao conceito de capitalismo. Feita esta concessão, restava propor a utopia de uma terceira via diferente e eqüidistante do socialismo e do capitalismo, eles próprios sem outra realidade nem substância, a não ser ideológica.

[12] É isto que faz o valor de um texto como o de Andrei Amalrik: A União Soviética Sobreviverá em 1984?, tradução para o francês de Michel Taru e prefácio de Alain Besançon (Fayard, 1970) e alguns dos ensaios de Alexandre Zinoviev.
[13] Sabemos que eles não conseguem fazer com que a Turquia reconheça o genocídio de que foram vítimas em 1915.
[14] Um exemplo, na edição de Esprit de junho de 1997, dedicada aos problemas religiosos de nosso tempo, fala-se freqüentemente no mal absoluto tal como ocorreu em nosso século. A referência é sempre o nazismo, e nem uma vez, por mais que eu tenha lido este número, ao comunismo, embora os autores não tenham provavelmente simpatia por este regime. Mas não pensaram nisto em suas análises. 




[i] Cientista político, o francês Alain Besançon (Paris, 25 de abril de 1932) notabilizou-se, como professor da Universidade de Paris ( É diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, entre outras instituições), por seus profundos estudos e conhecimento da história da Rússia e da antiga União Soviética. Antigo comunista na época do stalinismo, passou a adotar uma posição crítica à ideologia comunista e outras ideologias totalitárias.

Sem formação de economista, ele conseguiu fazer uma das análises mais bem estruturadas do funcionamento da economia da ex-União Soviética, desde os tempos de Lenin, com uma visão própria. Como um dos historiadores franceses mais originais, ele agiu como um cirurgião, afastando pouco a pouco os tecidos, para expor a "raiz profunda do mal". Em 1981, num seminário sobre filosofia política em São Paulo, ele previu o desmoronamento da URSS. "É melhor morar numa favela de São Paulo do que em Leningrado", disse
.
[ii]  Publicado em O Estado de São Paulo - 15/02/98

Câmara vai instalar frente contra a divisão do Pará


A Câmara Municipal de Belém vai instalar na próxima quarta-feira, 24, a partir das 9h, a Frente de Resistência Popular contra a divisão do Estado do Pará. Por unanimidade, os vereadores aprovaram na manhã de hoje, 22, dois requerimentos sendo um da vereadora Vanessa Vasconcelos (PMDB), 1ª Secretária da Câmara, estabelecendo uma Sessão Especial para o dia 19 de setembro para discutir as questões técnicas da divisão juntamente com a FAEPA (Federação da Agricultura do Estado do Para).

Outro requerimento do vereador Abel Loureiro(Dem) já para a próxima quarta-feira, 24, garante sessão especial para discutir a proposta de divisão territorial do Pará e a criação dos Estados Carajás e Tapajós. A Frente de Resistência Popular contra a divisão do Pará já tem o vereador Abel Loureiro como Presidente e Alfredo Costa(PT), como relator.
Segundo a vereadora, dois oradores estarão presentes na sessão especial do dia 19 de setembro, que visa discutir tecnicamente os impactos social, econômico e político dessa proposta divisionária. O jurista Zeno Veloso e o jornalista Lucio Flávio Pinto foram os palestrantes que já confirmaram presença.
Mais uma vez a proposta de divisão do Estado do Pará ocupou boa parte da sessão ordinária desta segunda-feira, 22, começando com o vereador Pio neto (PTB), que repercutiu a primeira manifestação popular contrária a divisão do Estado, realizada pelas ruas de Belém no último domingo. De acordo com a observação do vereador, é preciso que a população da capital, efetivamente encampe a luta contra a divisão do Pará, uma vez que municípios da região sul, como Marabá por exemplo, devido a manipulação dos separatistas, já se diz quase que totalmente unânime a divisão.
A falta de critérios técnicos para aprovação do plebiscito, foi criticado pelo vereador Marquinho do PT,que disse não entender a razão pela qual o Congresso Nacional aprovou a realização do mesmo. Ele entende que a proposta vai criar um problema muito sério de relacionamento na convivência entre a população, logo após o resultado da votação. Pela falta de indicativos técnicos, Marquinho avalia que a disputa já está se transformando num RE/PA.
Um estudo técnico divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra, segundo o vereador Otávio Pinheiro (PT), a inviabilidade da divisão do Pará e da criação de mais dois estados. O edil mais uma vez reforçou a tese de interesses pessoais dos separatistas, uma vez que pouco ou nada estão ligando para a população paraenses, tendo em vista serem de outros estados. Para Otávio Pinheiro só a união fará o Estado do Pará forte e desenvolvido.
O vereador Luiz Pereira (PR) criticou o método utilizado pelos separatistas que, além de muito dinheiro na campanha, estão iludindo a população dos municípios da região sul e sudeste, com a promessa de muitos empregos."Eles estão apenas vendendo sonhos que jamais vão se realizar" afirmou o parlamentar. Luiz Pereira denunciou também que os separatistas estão pregando a troca de domicílio eleitoral induzindo a substituição de títulos eleitorais. Na concepção do vereador a falta de gestão e maior integração administrativa com os municípios da região são os principais fatores da falta de maior desenvolvimento regional.
O apoio da população durante a passeata do último domingo foi ressaltado pelo vereador petista Alfredo Costa (PT), destacando ele a manifestação espontânea das pessoas que ficavam em frente suas residências e nas janelas dos apartamentos, parabenizando a aplaudindo os estudantes, políticos e empresários que participavam da passeata. Alfredo Costa assegurou que diante dos fatos, ficou a certeza de que Belém está unida em torno da rejeição da proposta de separação.