segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ESPANHA: Consequências da discriminação: mulher transexual forçada a ser "homem"

Adriana Turuelo não aguenta mais a discriminação que sofre quando vai procurar trabalho. "Apresento-me como me sinto, mulher." "No entanto, quando olham para a minha identificação e vêm que lá está Juan Daniel Turuelo decidem não me contratar porque dizem que eu iria ter muita atenção mediática", afirma.

Adriana, nascida em Madrid, mas que adoptou Valência, saltou para as principais páginas de jornais e televisões dos mais importantes orgãos de comunicação em Março de 2010 porque, após ficar sem tecto e desempregada juntamente com a sua mãe, devido à crise, a câmara municipal só oferecida a possibilidade de dormirem separadas no albergue municipal. Adriana, por ter no BI o nome de Juan Daniel, poderia apenas dormir com outros homens.

Mãe e filha preferiram dormir na rua do que separarem-se e denunciaram a "humilhação e discriminação" a que estavam sujeitas. Como resultado, a assistência social, através do Centro de Atención a los Sin Techo (CAST), deu-lhes uma solução. Compraram-lhes bilhetes para Madrid, onde ambas as mulheres tentaram inscrever-se para obter ajuda e iniciar uma vida nova. No entanto, as coisas deram errado, e em 13 de Junho, voltaram para a capital de Turia.

Após a cobertura mediática de que se não se arrepende porque "era necessário reinvindicar e fazer valer os meus direitos como qualquer outra cidadã", passou a viver uma situação de indefinição. "Várias estações de televisão ofereceram-me cachés para contar a minha história, usando-me como se eu fosse “carne para canhão”, queixa-se, acrescentando que " no entanto, sempre me recusei porque quero viver a minha vida com normalidade, acho que tenho o mesmo direito que qualquer outra cidadã, mas não me deixam", afirmou desanimada Adriana.

Turuelo pede para ser autorizada a viver "como um ser humano" e que não a discriminem nas entrevistas de trabalho por ter defendido os seus direitos, "senão vou ter que me prostituir, opção que eu nem quero pensar", confessa.

Para já, a sua vida deu a primeira reviravolta. Ela foi forçada a “retornar” ao seu estado masculino: "foi a fase mais difícil da minha vida, ter de voltar para o sexo do bilhete de identidade, porque ninguém me dá uma hipótese como mulher, tive mesmo que mudar os meus perfis nas redes sociais", explica a afectada.

Turuelo pede "por favor" que esqueçam a sua história, que a "respeitem" e a aceitem, criticando ferozmente algumas televisões e estações de rádio às quais exige que "parem de se aproveitar da sua história, que deixem de tratá-la como um objecto e que lhe permitam começar do zero, como qualquer outra pessoa".

Nota da autora: Em Espanha existem inúmeras associações e/ou grupos Trans (transexuais e transgéneros), para não mencionar os grupos/associações LGBT, inclusivé existindo dentro do PSOE. Não há uma que dê uma ajuda para mudar nome e género no BI??? Afinal tiveram uma lei de identidade de género para quê? Carla Antonelli andará tão ocupada que não se possa debruçar sobre este caso e dar uma ajuda? Quer dizer, até se deu ao trabalho de vir a Portugal dar uma forcinha e nada faz por esta sua conterrânea? Não se pede que lhe arranjem trabalho ou algo desse género, mas que façam uma vaquinha para pagar a alteração, arranjem psis que passem o atestado (existem tantos psis espanhóis que até defendem a despatologização, onde estão eles agora?) e pelo menos façam com que esta pobre alma não tenha de se travestir de homem para procurar trabalho.

ESPANHA: Consequências da discriminação: mulher transexual forçada a ser

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