No discurso de abertura da Conferência Internacional de Aids,
em Washington, o presidente do Banco Mundial fez um vigoroso elogio
aos ativistas que há trinta anos lutam contra a doença e, ao mesmo
tempo, contra o preconceito, a falta de solidariedade e a injustiça. Se
hoje é possível falar em controle da epidemia e vislumbrar o seu fim,
disse o senhor Jim Yong Kim, isso deve-se fundamentalmente às ações
desses ativistas.
“Estivemos virando a maré da aids, passo a passo, dolorosamente,
durante trinta anos”, afirmou. ”E praticamente a cada passo foram os
ativistas e suas comunidades que comandaram essa caminhada”.
A parte inicial do discurso, no domingo, 22, tratou apenas
dos ativistas. Segundo o presidente do Banco Mundial, todos os
métodos utilizados na área de prevenção surgiram virtualmente desses
grupos. Também foram eles, afirmou, que recomendaram desde início
práticas de sexo seguro e promoveram o uso de preservativos e a troca de
agulhas.
O executivo recordou a história dos grupos que exigiram nas ruas e
nos debates públicos mais investimentos no desenvolvimento de novas
drogas contra a doença e mudanças nos regulamentos de pesquisas. Eles
conseguiram encurtar pela metade, no hemisfério norte, o tempo que se
exigia para que novos remédios fossem colocados à disposição dos
pacientes.
Para quem não lembra, embora fosse uma questão de urgência, porque
milhares de pessoas morriam vítimadas pela doença, os governos, sob
pressão de grupos conservadores e religiosos, relutavam muitas vezes em
promover campanhas de prevenção, condições adequadas de tratamento,
investimentos em pesquisas.
“Foi o profundo entendimento de ativistas das comunidades mais
afetadas pela aids que desencadeou um movimento para promover a saúde e a
dignidade dos gays, dos profissionais do sexo e consumidores de drogas,
que hoje alcança cada canto do planeta”, afirmou o presidente do Banco
Mundial. “Foi um movimento que se consolidou na angústia, que tem sede
de justiça, que se volta fundamentalmente para a liberação do poder da
solidariedade humana.”
Ao destacar alguns grupos que, ao redor do mundo, se destacaram nessa
luta, o presidente do Banco Mundial citou uma organização brasileira, o
Grupo Pela Vidda, criado em 1989, no auge das manifestações de preconceito contra as vítimas da epidemia.
Nas partes seguintes do discurso, o orador falou sobre as ações que
se desenvolvem hoje contra a epidemia, agravada pela pobreza em diversas
partes do mundo. A íntegra do pronunciamento, em inglês, pode ser
acessada no site do Banco Mundial.
Cópia para o Palácio do Planalto
Ao finalizar, o presidente do banco disse que o movimento contra a
aids sinalizou valores que podem ser utilizados no desenvolvimento
global, baseados na “solidariedade, coragem, respeito pela dignidade de
todas as pessoas e uma persistente busca por justiça”.
Por Léo Mendes
Coordenador Nacional da Articulação Brasileira de Gays
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